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ESTADO: RN tem o maior custo por servidor entre os estados do nordeste

In Estado
dezembro 24, 2023
Custo per capita com servidores no Estado é o mais alto do Nordeste

As despesas do Rio Grande do Norte com pagamento de folha de servidores representam um custo médio de R$ 3,7 mil para cada potiguar, segundo aponta o mais recente Boletim de Finanças da Secretaria de Tesouro Nacional (STN), que usa dados de 2022. O custo está acima da média nacional, que é de R$ 3 mil, e coloca o RN em primeiro lugar no Nordeste com o maior gasto e em nono no Brasil. Os altos custos com funcionalismo, no entanto, não se refletem em serviços para a população potiguar. Há déficit de policiais civis e militares, médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem e professores, gerando vacâncias e obrigando o Estado a ampliar a terceirização em setores para fechar as escalas.

Segundo dados do relatório, o RN só fica atrás do Distrito Federal, Roraima, Acre, Tocantins, Amapá, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. No tocante ao Nordeste, o primeiro estado a aparecer após o RN é Sergipe, com custo per capita de R$ 3,2 mil. Estados como Piauí, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Bahia, Ceará e Maranhão tem custos per capita com pessoal que variam de R$ 1,7 a R$ 2,8 mil. Atualmente, a folha do RN possui cerca de 111 mil servidores, sendo 53 mil ativos e 58 mil aposentados e pensionistas. O gasto mensal com pessoal ultrapassa R$ 770 milhões, o que dá mais de 50% da Receita Corrente Líquida (RCL).

O estudo mostra ainda que o Estado aumentou o aporte com recursos do Tesouro Estadual para complementar a previdência, saltando de 11,7% em 2021 para 12,4% em 2022. Atualmente, esse aporte mensal gira em torno de R$ 150 milhões para cobrir a insuficiência de recolhimento do sistema previdenciário do Estado.

Segundo interlocutores do Governo, especialistas e representantes de sindicatos de classes essenciais no Rio Grande do Norte, vários fatores explicam essa discrepância entre o alto custo da folha e a falta de servidores em determinadas áreas. São apontadas questões como a falta de concursos frequentes e nomeações, uma vez que os ativos é quem “sustentam” a previdência e o pagamento dos inativos; a contratação de terceirizados para atividades meio e fim, que acabam não contribuindo para a previdência estadual, e a arrecadação do Estado, que não acompanha os custos.

O secretário de Administração do Rio Grande do Norte, Pedro Lopes apresenta dados de um estudo feito pela gestão sobre os quatro últimos ciclos de governos estaduais, de 2006 a 2022, e aponta que, a primeira gestão da governadora Fátima Bezerra (PT) foi a única em que a evolução da receita foi maior do que o gasto com pessoal, 55,4% contra 44,4%, respectivamente.

“Nos três anteriores (governos) ocorreu exatamente o contrário, as despesas cresceram mais que a receita, e assim chegamos em dezembro de 2018 com o maior comprometimento histórico de gasto com pessoal em relação à receita corrente líquida, 63%. O que explica isso ter acontecido suponho ter sido reiteradas concessões de vantagens sem o devido cuidado com o comportamento das receitas correntes e futuras, gerando o desequilíbrio fiscal e uma situação administrativa caótica que levou o Estado a não adimplir com o pagamento regular dos servidores, chegando a ter até quatro folhas salarias em atraso”, disse.

Pedro Lopes aponta ainda que há grande variação salarial entre as categorias funcionais do RN, “mas particularmente não considero o valor individual como fator preponderante para o elevado gasto com pessoal em relação a receita corrente líquida”.

“São 53 mil servidores ativos e apenas 1.121, pouco mais de 2% do total, recebem mais de R$ 20 mil por mês. Já 39 mil servidores, quase 74% do total, recebem até cinco salários mínimos brutos mensais, o que não podemos considerar como caros. Isso acontece também na folha de inativos e pensionistas, pois dos 58 mil beneficiários, 1.693 ganham acima de R$ 20 mil mensais e 33,8 mil recebem até 5 salários mínimos”, enumera.

Para o professor em economia e ciências econômicas, Rodrigo Lima de Oliveira, o Estado precisa encontrar mecanismos para tornar a máquina pública eficiente e encontrar saídas para reduzir gastos e aumentar as receitas, medidas que possuem soluções impopulares, como demissões e/ou aumento de impostos. Rodrigo aponta que medidas como suspensão de concursos e reajustes para 2024 são uma tentativa do Governo de reverter o cenário.

“As causas desse aumento de despesas pode ser explicado nos reajustes salariais visto nos últimos anos e o aumento de pagamento nas causas previdenciárias. O que incomoda, socialmente, não é o gasto com o pessoal, mas sim a eficiência do serviço público prestado”, aponta. “Tem duas soluções: diminuir despesas, como reduzir salários, ou aumentar receitas, isto é, aumentar imposto. São duas medidas impopulares. Do ponto de vista social, na composição dos salários em Natal, o serviço público representa por grande parte da renda gerada em Natal. Então se há corte de salários, há diminuição nas compras no comércio. É um efeito em cadeia”, complementa.

Tribuna do Norte

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Marcel de Lima, é jornalista e publicitário. Graduado em marketing e pós-graduado em Jornalismo. Atuações em assessoria de imprensa, redação e editoria de notícia. Atualmente é diretor de negócios na agência ID Publicidade, apresentador e comentarista na Rádio Difusora e Nossa TV.