
Um dos segmentos mais avessos ao presidente Lula da Silva, os evangélicos mantêm posicionamento oposto ao governo federal nas eleições municipais deste ano.
Levantamento feito a partir dos dados da Quaest nas corridas de 21 capitais aponta que em 13 os postulantes de direita largam na frente no segmento. Em outras seis, nomes do centro lideram e apenas em duas — João Pessoa e Curitiba, onde há empate entre candidatos de cada campo — opções da esquerda surgem em primeiro lugar. Nenhum deles, no entanto, pertence ao PT, sigla do atual presidente.
Segundo pesquisa Quaest de julho, Lula é reprovado por 52% deste eleitorado. A rejeição também era aparente na disputa presidencial: na última pesquisa Datafolha do pleito de 2022, Jair Bolsonaro tinha quase 70% dos votos do grupo.
Há nove postulantes apoiados por Bolsonaro que transitam melhor entre os religiosos do que no eleitorado geral. O caso mais significativo ocorre em Cuiabá, onde o deputado federal Abílio Brunini (PL) é o segundo colocado na disputa, mas tem uma vantagem de nove pontos percentuais entre os evangélicos em relação ao líder, o deputado estadual Eduardo Botelho (União Brasil).
Apenas dois candidatos apoiados por Lula são os preferidos pelos evangélicos: os prefeitos e favoritos à reeleição no Recife e no Rio, João Campos (PSB) e Eduardo Paes (PSD), respectivamente. Com suas gestões bem avaliadas, Campos e Paes têm, nesta ordem, 69% e 54% no segmento — na população geral eles chegam a 76% e 64%.
“A esquerda está percebendo que se ela quiser ganhar as eleições terá que conquistar o setor, mas ainda enfrenta desvantagens. Se os evangélicos continuarem crescendo no ritmo que estão e mantiverem essa ideologia, Lula não ganha em 2026 — avaliou o cientista político Vinicius do Valle, do Observatório dos Evangélicos.
O Globo